27 de maio de 2012

Sonho

O sol de incessante luz imaginária
O vento que passa por meus ouvidos em sua canção de ninar
As árvores de algodão e o roxo céu
As flores de papel
Com infindáveis linhas descrevendo o real
Como cinza réu
Formando meu véu
A realidade fica sem cor
Ao lado do sonho sem dor
Do ideal, do perfeito amor

Chove vinho das nuvens vermelhas
Ele cai em minha língua enquanto me deito na grama verdejante
Sob a árvore de algodão
O verde tapete se quisesse seria dinheiro
Mas eu não preciso de sua escuridão
Pois aqui sou inteiro
E se não fosse, teria amor verdadeiro

O vinho se torna sangue
E mancha as flores de papel
Suas linhas, todas minhas
Fogem para meu corpo e o cortam como papel
Meu Éden é minha Gehenna
O céu escurece e desce
Para cima de mim
É meu fim
Com a última visão da ominosa lua
Pálida e nua
Como carne crua
Sorrindo para mim com seus dentes como lápides
Dos fantasmas mortos juntos com o real



Enzo Merolli

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